Em 1996, a banda mineira Skank lançava um dos seus maiores hits, "É uma partida de futebol". Um dos seus versos mais marcantes representa algo inerente a grande parte das crianças brasileiras: "quem não sonhou em ser um jogador de futebol?". O personagem da primeira matéria especial do De Pr1meira tinha apenas dois anos quando essa canção estourou no Brasil, mas faz parte dessas crianças que cresceram com esse sonho e até hoje está na luta.
Clayton e família (Arquivo pessoal) |
Clayton Fernandes Azevedo de Oliveira nasceu em 14 de agosto de 1994. Quando o Roberto Baggio isolou o pênalti que deu o tetra mundial para o Brasil, ele estava na barriga da mãe. Em 1998, com apenas quatro anos, viu o Brasil perder a final da Copa do Mundo para a França, com dois gols da sua maior inspiração: Zinedine Zidane. Hoje, tem 20 anos e ainda busca o seu lugar ao sol. Rodou pela base de vários clubes, incluindo o Grêmio, de onde saiu após descobrir que seria pai. Trabalhou em uma obra até ter uma oportunidade no Boavista. Seu último clube foi na segunda divisão do Rio, o Angra dos Reis, antes, estava trabalhando em um navio. Depois que saiu do time do Sul Fluminense, arrumou um emprego como serralheiro, em Nova Iguaçu, cidade onde vive, e praticamente se aposentou do futebol.
Tudo mudou quando um amigo mostrou o DVD dele para um empresário que gostou do que viu e lhe prometeu uma vaga no futebol do Catar. Sem pensar duas vezes, Clayton vai embarcar nessa aventura. Sairá de perto de sua família, incluindo mulher e filha pequena, na próxima semana. E ainda não sabe em qual time vai jogar.
"No momento não tenho o nome exato do clube, porque vão outros atletas comigo. Lá vamos ser divididos e ainda não sabemos para qual clube cada um vai. Chegando, vou saber das propostas e onde vou começar", conta animado. "Larguei tudo por mais essa oportunidade de mostrar o meu talento. Minha família foi contra, mas mantive minha fé de que Deus me proporcionou essa viagem. Acredito que dessa vez é para valer. Vou aproveitar com todas as forças, quem sabe eu consigo fazer carreira por lá e ser reconhecido no meu país?", sonha Clayton.
Times do Oriente Médio são um oásis para muitos brasileiros. Veteranos e jogadores com certo destaque em âmbito nacional geralmente conseguem bons contratos, recebendo rios de dinheiro dos xeiques que são donos dos times. Mas como será para o Clayton, desconhecido no Brasil, viver em um país periférico, com cultura completamente diferente e chegando sem destaque?
"Acredito que o idioma vai ser a parte mais difícil no começo desse novo desafio. A comida também vai ser um problema, com certeza vou sentir falta do feijão. Mas já estou procurando algumas coisas sobre o país na internet e pedindo dicas para um amigo que joga no Catar, sobre os costumes, principalmente", diz.
Clayton em ação (Arquivo pessoal) |
Clayton é mais um entre milhares de jogadores brasileiros que sonham com o glamour de ter uma vaga em um time da primeira divisão ou em algum país importante da Europa. O Brasil ainda é o país que mais exporta jogadores. E é cada vez mais comum a ida para esses pequenos centros, para receber um pouco mais do que a média e, quem sabe, se tornar um ídolo local em um país com pouca tradição no esporte. Mas o mais importante, quase todos eles vão em busca de melhores condições de vida para sua família. E é assim que pensa Clayton.
"Minha família depende muito de mim, minha esposa e filha sempre estiveram ao meu lado. Minhas passagens por clubes no Brasil foram de muitos altos e baixos, cheguei a desistir do futebol em 2011. Sofri muito nessa vida, mas a minha fé e força de vontade sempre falaram mais alto", conta o jogador, com muita esperança que dias melhores virão pela frente.
E nós do De Pr1meira vamos acompanhar essa história. Estaremos torcendo de longe por nosso jogador aventureiro, com o desejo de que possamos voltar a entrevistá-lo em um futuro nem tão distante. Até a próxima, amigos!
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